Nada, nem ninguém que conheci em minha
humilde e extravagante existência passou despercebido. Mesmo as
pessoas com quem convivi apenas um dia, se tinham algo interessante
a me dizer, posso dizer que aprendi, tirei leite de pedras, por isso
algumas pessoas as vezes me encontram calada, com cara de desconfiada
pelas beiradas, mas na verdade estava ouvindo e analisando tudo o que
diziam, mesmo que fosse para discernir o que presta e o que não
presta. Talvez eu tenha amadurecido muito devagar, e as vezes, em
outros aspectos muito rápido. Quando viajei para bolívia conheci um
peruano em uma noite suja, e foi assim que aprendi a falar espanhol,
a ele confessei minha angústia em achar que a vida se resumiria
simplesmente em casar e ter filhos, se existíamos somente para isso,
e mesmo que em cada dia de minha vida eu me afastasse dessa realidade
em ser apenas mais um na multidão, o mundo me puxava de volta e me
dizia, 'sim, apenas mais um na multidão'.
Quando somos jovens (e ainda me
considero jovem, ok, mas não tão jovem quanto quando me fazia aquela
pergunta aos 21 anos) temos mania de grandeza. Até que nesta mesma
época, um amigo me disse sobre um poeta que não me recordo o nome,
nem sei se foi citado, mas a essência do poema dizia: quando jovem
queria mudar o mundo, mas percebi que era muito difícil mudar o
mundo, então queria mudar meu país, depois minha cidade, meu
bairro, minha família, até que descobri que se tivesse mudado a mim
teria mudado minha família, e depois meu bairro e assim por diante.
Eu ainda era muito nova para perceber o significado daquilo, não que
eu não me visse em constante transformação, mas o desejo de mudar
o mundo ainda era latente. Hoje sou capaz de compreender melhor o que
ele queria me dizer. A beira de completar apenas 28 anos, ainda me
sinto tão jovem, mas mudei. Aprendi com ele também, que a motivação
da vida está nas realizações de pequenos projetos, e a cada
pequeno projeto damos passo a mais uma nova realização, uma
conquista diária, seja qual for seu projeto pessoal, casar e ter
filhos, lutar por direitos humanos em seu país, ter o diploma de
PhD, são conquistas diárias, e que devem sempre se renovar, um
acaba e outro recomeça. E é o que motiva hoje em dia, pequenas
realizações diárias. E assim pude perceber que as vezes as portas
ainda não se abriram simplesmente porque esqueci de bater.
Desculpem o poste demasiadamente
pessoal e sentimental, mas a semana do aniversário sempre mexe com a
gente.