São tantas coisas que as vezes me esqueço de escrever sobre
tudo que estou a viver e sentir por aqui.
Das pessoas maravilhosas pelo mundo: eu tenho um teoria
(aliás, várias, já até inventei a máquina do tempo, rs), para cada gente chata
no mundo existem 3 gente boa. Se apegue a estas, as outras, esqueça. Por aqui
há muitos brasileiros, o governo Dilma está espalhando bolsas aos montes, e é
claro, pela facilidade da língua, Portugal é um país visado. e pela primeira
vez na vida consegui entender porque os brasileiros podem ser tão exóticos aos
olhos dos estrangeiros. Agora também entendo porque os portugueses estão familiarizados
com nosso idioma, que não é só por causa das novelas que assistem por aqui, mas
também porque muitas das traduções de livros para português são de edições brasileiras,
e de filmes também. Na aula um professor citou Machado de Assis, ‘O Alienista’,
as vezes acho que o Brasil é o filho prodígio de sua nação, um país com uma
diversidade musical, de literatura e misturas que não há em outro lugar do
mundo, etc, etc, etc. mistura é a palavra que o mundo grita em contraposição à
nacionalismos estúpidos, mistura é a palavra que as pessoas ‘gente boa’ gritam
em oposição à um mundo de crise e protecionista, mistura é a palavra que se
grita quando se depara com imperialismos falidos. A gente não sabe disso porque
já somos mestiços por ‘natureza’ e é essa mescla que tanto provoca admiração
dos outros, e que faz com que sejamos diversos não só na cor, mas também na
música, literatura, etc, etc, etc. sempre aceitamos o diferente como um de nós.
A América (EUA) é o mundo, só que as vezes não. Cada dia mais vejo pessoas
querendo saber o que ocorre na periferia, e não são pessoas da minha geração
(não que eu seja velha) mas são pessoas um pouco mais novas, e fico feliz
quando vejo o mundo querendo se misturar, é uma diplomacia global. quando essas pessoas chegarem ao poder, talvez o mundo seja um pouco melhor.
Não é que não goste de brasileiros, mas aqui, prefiro andar
com os outros, aprender mais sobre novas culturas. Misturar. Daí conheci
pessoas maravilhosas, dispostas a aprender mais sobre o mundo do que reafirmar valores de sua própria
cultura, situação muito diferente da qual encontrei quando viajei para Bolívia
e Peru 5 anos atrás.
Minhas aulas começaram na segunda, e na segunda também
comecei a trabalhar na cantina da universidade, ganho em refeições, mas posso
vender os tickts. O trabalho é duro, sinistro, mas ninguém disse que seria
fácil certo. A verdade é que no final daquela segunda, depois de ter trabalhado
das 8h da manhã até as 15h e ter aulas das 17h às 19:30, sentir meu corpo
dolorido e exaustão, a única coisa que eu pude pensar foi o quanto estou feliz em
estar aqui, o quanto estou feliz pela minha decisão de começar de novo aqui. De
poder conhecer pessoas maravilhosas, em estar estudando o que eu gosto e quero,
o quanto tenho aprendido sobre o mundo conhecendo pessoas.
Não me arrependo nem por um segundo.